
A colheita do milho segunda safra teve início em Sorriso, maior produtor de grãos do Brasil, com apenas 10% da área total colhida até o momento. O dado foi confirmado por Diogo Damiani, presidente do Sindicato Rural de Sorriso, em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta segunda-feira (27).
Segundo Damiani, o ritmo atual da colheita está atrasado em relação a anos anteriores, quando, nesta mesma época, o município já tinha colhido cerca de 25% da área. “O atraso na colheita é consequência direta do atraso no plantio da soja, que só teve 18% da área semeada até meados de outubro, quando o normal seria cerca de 40%”, explicou.
Além do atraso, cerca de 30% do milho foi plantado fora da janela ideal, o que gerou preocupação quanto à produtividade. No entanto, o presidente do sindicato destacou que as chuvas regulares até o fim de abril contribuíram para o bom desenvolvimento das lavouras, inclusive daquelas semeadas tardiamente. “Recebemos bons volumes de chuva durante o ciclo do milho, principalmente na fase do pendão, o que favoreceu o desenvolvimento mesmo fora da janela”, pontuou.
Margem apertada e custo elevado preocupam produtores
Apesar do bom desenvolvimento das lavouras, a rentabilidade do produtor está em risco. Segundo Damiani, os custos de produção estão altos e os preços de venda do milho recuaram nos últimos dias. “Hoje, para cobrir o custo operacional, seria necessário vender o milho a pelo menos R$ 50. No entanto, a média atual está em torno de R$ 42 por saca”, afirmou. Com isso, o custo por hectare subiu para cerca de 111 sacas, pressionando ainda mais as margens dos agricultores.
Além disso, infestações severas de lagartas, inclusive em variedades com tecnologia Bt, exigiram de três a quatro aplicações extras de defensivos, elevando ainda mais os custos.
Armazenagem limitada e gargalos logísticos
Outro desafio recorrente para os produtores de Sorriso é a falta de capacidade de armazenagem. Segundo Diogo Damiani, a capacidade estática de armazenagem no município é de apenas 40% da produção, o que obriga boa parte dos grãos a ficarem fora dos armazéns. “Muitas vezes, esse milho fora do armazém é interpretado como super safra, mas, na verdade, é reflexo da infraestrutura insuficiente”, alertou.
Com a colheita ainda no início, o risco de problemas logísticos e perda de qualidade dos grãos preocupa. “O uso de silobags tem aumentado, mas isso também representa mais custos ao produtor e pode comprometer a qualidade do milho, especialmente se houver demora na comercialização”, avaliou.
Mensagem ao produtor: atenção aos custos e cautela nas decisões
Para os próximos meses, Damiani reforça a necessidade de gestão financeira rigorosa. “O produtor precisa andar com os custos de produção debaixo do braço e tomar decisões com base em margens seguras. O mercado está volátil, e quem não estiver preparado pode sair no prejuízo”, alertou.
Mesmo com os desafios, a expectativa é de uma safra produtiva, com qualidade satisfatória do milho colhido até o momento. O sindicato deseja que os agricultores consigam cobrir os custos e obter rentabilidade para continuar investindo no município, no estado e na economia do país.
FIQUE ATUALIZADO COM NOTÍCIAS EM TEMPO REAL: CANAL DO WHATSAPP | PLANTÃO NORTÃO MT | INSTAGRAM DO NORTÃO MT
NORTÃO MT COM INFORMAÇÕES DO NOTÍCIAS AGRÍCOLAS